Uma
baiana que amou Itaúna
Isma Pereira Frade ou simplesmente Dona Isma,
nasceu em Salvador (BA) em 29 de dezembro de 1924. Ainda muito nova perdeu seus
pais, tendo sido criada uma tia-avó Amália do Sacramento Pereira e seu marido
Octaviano Marques Pereira. Iniciou seus estudos no Instituto Normal da Bahia e,
em 1941 formou-se NORMALISTA (hoje professora primária). Ingressou no antigo
IAPI (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários) através de
Concurso Público.
Em
1947, no Rio de Janeiro, recebeu o seguinte desafio que ela mesma contava:
"ir para uma cidadezinha do interior de Minas Gerais, chamada Itaúna e lá
abrir um Posto do IAPI". Como boa baiana, aceitou e desafiou e dizia:
"viajei de locomotiva a vapor (Maria Fumaça), do Rio de Janeiro para Belo
Horizonte e de lá para Itaúna". Aqui chegou em 1947, sem conhecer nada nem
ninguém da cidade. Havia, como há ainda hoje, uma pensão quase ao lado da
Estação Ferroviária. Hospedou-se lá e, quem a conheceu sabe, tinha uma imensa
facilidade de fazer amizades.
E
foi o que aconteceu. Em pouco tempo era conhecida por todos. A primeira pessoa
a quem ela procurou foi Sr. Prefeito Municipal, à época Dr. Antônio Augusto de
Lima Coutinho (DR. COUTINHO), expondo-lhe sua missão aqui em Itaúna. Dizia ela
que recebeu total apoio e, em pouco tempo conseguiu abrir a Agência do IAPI,
contando, também, com a colaboração da Cia.Industrial Itaunense e Cia. Tecidos
Santanense, as duas maiores empresas da cidade.
Em
outubro de 1950, casou-se aqui em Itaúna com ERNESTO FRADE, bancário, natural
de Formiga (MG), que veio transferido para o extinto Banco Comércio e
Indústria, depois Banco Nacional. Desta união nasceu IONE COUTINHO, filha única
do casal. Depois da Agência funcionar em diversos locais, durante o período
revolucionário houve a fusão dos diversos Institutos, passando a ser o
Instituto Nacional de Previdência Social e Dona Isma continuou a ser a AGENTE
(Chefe da Agência).
O
Instituto então adquiriu um terreno à Rua Dr. José Gonçalves, onde construiu a
Agência Local, tudo sob a supervisão de Dona Isma e, conforme ela mesmo dizia,
contou com a inestimável colaboração do Engº. SÉRGIO DE CASTRO, atual
Secretário Municipal de Obras da Administração Municipal. Depois de 35 anos de
profícuo e dedicado trabalho ao Instituto, decidiu aposentar-se, o que
aconteceu em 1977. Em 1971, a Câmara Municipal de Itaúna concedeu-lhe,
merecidamente o título de CIDADÃ HONORÁRIA DE ITAÚNA, título do qual ela muito
se orgulhava, pois dizia "SOU ITAUNENSE DE CORAÇÃO".
Coincidentemente,
em 1978 a Cia. Industrial Itaunense ainda em boa situação, através de sua
Diretoria, decidiu fazer uma reformulação completa, moderna e mais dinâmica em
seu organograma, criando Departamentos, Divisões e Setores. Em vista da
experiência da Dona Isma na área social e da necessidade de uma empresa do
porte da então Itaunense ter um setor especializado em assistência social, ela
foi contratada, com o objetivo de implantar o Setor de Assistência Social,
tendo sido nomeada Chefe do Setor.
Eu,
pessoalmente, acompanhei Dona Isma em várias visitas que fez a diversas
Empresas que já tinham o referido setor já bem estruturado e, baseada nas
diversas experiências que conheceu, estruturou o Setor na Itaunense. Para que
funcionasse bem, a Diretoria destinou uma verba para que ela pudesse, entre
outras coisas, atender aos funcionários de qualquer cargo ou nível, oferecendo
pequenos adiamentos de salários, ajuda em caso de doença, etc.
E
o mais importante, com exceção da Diretoria, era a única pessoa que teve
autorização para abrir uma conta bancária em nome da Cia. e assinar cheques. Em
1982, Dona Isma resolveu ingressar na política, candidatando-se a vereadora.
Foi eleita e cumpriu o mandato de 01-02-83 a 31-12-88. Foi considerada uma boa
representante do povo, especialmente dos menos favorecidos, que ela conhecia
bem devido anos de experiência vividos com AGENTE do INPS e com a piora da
situação financeira da Itaunense, ela decidiu parar de trabalhar
definitivamente.
Por
problemas de saúde, mudou-se para BOCAIÚVA (MG), indo morar com sua filha Ione
que para lá se mudara desde o casamento. Os problemas se agravaram e ela foi
transferida para Montes Claros, onde acabou falecendo dia 14 de julho de 2005.
Seu sepultamento foi aqui em Itaúna, terra que tanto amou e dedicou sua vida.
Houve um sentimento generalizado de perda em toda a comunidade itaunense.
Perdemos a Dona ISMA do INPS. Esta é resumidamente, a vida desta grande
itaunense.
Referência:
Texto:
Juarez Nogueira Franco
Fonte
oral: Ione Coutinho - (filha)
Organização:
Charles Aquino
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