sábado, 9 de março de 2024

AFRO-ITAUNENSES

Como cidadão itaunense e descendente de herança afro-brasileira, senti-me obrigado a sair da zona de estudos e expressar publicamente minha preocupação e indignação. Acredito que a frase acima não confrontou apenas a narrativa histórica do  município de Itaúna, mas também a ancestralidade de seus habitantes, que inclui a escravização de minha trisavó paterna, o nascimento da minha bisavó após a promulgação da Lei do Ventre Livre, e o eventual nascimento de meu avô, que só conseguiu o direito ao registro oficial de nascimento aos 25 anos em 1937, que posteriormente fixaram residência em Itaúna, local de descanso final de uma jornada marcante, deixando um valioso legado para seus descendentes — o direito à educação. 
   
Ao realizar pesquisas rotineiras para elaboração de meus trabalhos, me deparei com um texto complexo em todos os sentidos que está disponível no site da Prefeitura de Itaúna/MG. Assim, a narrativa histórica se apresentou confusa dificultando uma compreensão mais precisa. Após uma segunda leitura minuciosa, finalmente comecei a entender que o texto se tratava da “permuta de padroeiras” no município do século XIX. Mesmo tentando compreender a informação de que as “igrejas foram trocadas” naquela época, imagino que seria difícil transposição de duas construções, no entanto, dadas as informações de livros de história do município que registram esse acontecimento, percebi que seria uma troca de oragos, e não das edificações. 

Portanto, seria aceitável considerar isso como um mero “deslize histórico”, podendo até ser enviada uma mensagem à Secretaria de Cultura e Turismo de Itaúna, pedindo a retificação do texto, cujo material apresentado, nem sequer tiveram a preocupação de fornecer as referências adequadas e necessárias. À medida em que realizava a leitura mais atenta do texto, descobri que as informações, em parte, eram meramente baseadas em “achismos”, ou seja, um texto totalmente abstrato e desconecto da história do município. Porém, o mais alarmante ainda estava por vir, pois neste texto trazia uma declaração de que os negros naquela época “roubavam” dentro da igreja do arraial de Santana do Rio São João Acima, hoje Itaúna. Eis aqui, parte do trecho retirado do texto que está disponível no site da prefeitura de Itaúna:

“As igrejas foram trocadas. O problema é que os padres queriam manter as padroeiras. Sant'Ana, dos portugueses, agora era dos negros. Senhora do Rosário, dos negros, virou padroeira dos brancos. Os negros não aceitaram. Toda noite, entravam na Matriz e roubavam a Imagem de Nossa Senhora do Rosário e levavam para a nova Capela, no alto do Morro. Sendo lenda ou não, fato é que essa história inspirou a festa mais tradicional da cidade: o Reinado.”

Como mencionado no texto acima, sendo lenda ou não, se registrou que os pretos que faziam parte da comunidade de Itaúna eram ladrões. Neste momento ficou evidente que os (in)responsáveis desta informação, estavam totalmente equivocados. Este incidente representa, no meu ponto de vista, uma violação e rompimento significativo do limite histórico, cultural e ético em toda a história do município, minando as extensas pesquisas e documentações registradas por historiadores e pesquisadores ao longo dos anos. Vale ressaltar que no censo inicial realizado em 1831, aproximadamente 70% da população do arraial de Santana (hoje Itaúna) era de herança afrodescendente. 

Até o momento presente, não encontrei nenhum registro ou declaração de qualquer historiador ou publicação que indique ou declare que os pretos naquela época, tenham praticado roubos à paróquia de Santana de Itaúna. Ao analisar cuidadosamente essa “barbárie histórica”, expresso a minha mais profunda frustação e a minha preocupação com a gestão e divulgação da história do nosso município.  É provável que muitos indivíduos que pesquisaram a história de Itaúna, neste período em que continua disponível essa matéria no site da Prefeitura, tenham encontrado essas informações, que supostamente seriam de “utilidade pública”, principalmente para a comunidade itaunense. No entanto, este não é o caso. 

É imprescindível que essas informações sejam prontamente corrigidas. Proponho que os textos sejam referenciados de forma completa e correta. Além disso, recomendo expressar um sincero pedido de perdão por esta violação histórica da memória dos ancestrais e descendentes afro-brasileiros da comunidade itaunense, que são bens culturais inestimáveis, tangíveis e intangíveis, transmitidos através de gerações. Neste sentido, invoco as palavras do artista Belchior e peço permissão para incorporar duas palavras em sua canção “Roupa Velha Colorida”: No presente a mente, o corpo é diferente, e o passado de “insultos e acusações” é uma roupa que não nos serve mais... precisamos rejuvenescer!” Só assim, acredito que terei tranquilidade para retornar meus estudos e pesquisas, mas mantendo-me vigilante.  
Charles Aquino, em 6 de março 2024



Reinado em Itaúna


Nota: Ao apurar a postagem no site da Prefeitura hoje (11/03/2024), houve uma reformulação no texto, mas até o momento não foi registrada nenhuma nota referente à postagem antiga. Disponível em: Conjunto Arquitetônico do Morro do Rosário


Arte e organização: Charles Aquino
Imagem meramente ilustrativa: Pinterest


domingo, 25 de fevereiro de 2024

PÉRICLES RODRIGUES GOMIDE

Ou simplesmente LIQUE, nasceu em Itaúna, filho do Prof. José João Rodrigues Vieira e Leopoldina Gomide da Conceição. LIQUE foi dentista, músico, ator, autor e contrarregra teatral. Participou da famosa peça “AS CIGARRAS DO SERTÃO" ano de 1925.

Casou-se com Eponina Nogueira Gomide e teve 8 filhos: Orlando Nogueira Gomide, pintor; Elsa Nogueira Gomide, alta funcionário do Ministério da Educação e a quem Itaúna muito deve, pois, sua ajuda foi fundamental para o reconhecimento dos Cursos da Universidade de Itaúna; Sinésio Nogueira Gomide, durante muitos anos foi funcionário da Cia. Tecidos Santanense; Sóror Maria Imaculada Conceição, freira; Péricles Gomide Júnior, bancário e escritor e, como tal, adotou o pseudônimo de Pancrácio Fidélis. 

Durante muito tempo, escreveu crônicas sobre Itaúna no jornal "Folha do Oeste", de seu irmão PIU. Tais crônicas foram transformadas no livro "Crônicas e Narrativas de Pancrácio Fidélis", lançado na década de 60, e fez enorme sucesso; Sebastião Nogueira Gomide, o PIU, funcionário dos Correios como Telegrafista e em 1943 fundou o jornal "Folha do Oeste", onde era o proprietário, editor, redator e repórter.

O jornal circulou até sua morte e a viúva, Sra. Esther, (que era também sua prima em primeiro grau), vendeu para o jornalista José Waldemar Teixeira de Melo, que por sua vez o repassou ao jornalista Renilton Pacheco, que mudou o nome para "Folha do Povo" e circula até os dias de hoje; José Nogueira Gomide, engenheiro geólogo, funcionário da Petrobrás; Eponina Maria do Carmo Nogueira Gomide Soares, funcionária pública.

Por ocasião da decisão de qual seria o nome do atual Teatro Municipal do nosso município, houve uma corrente que defendia o nome de Péricles Gomide. Infelizmente não conseguiram, o que foi considerado uma enorme injustiça. Todavia a memória de LIQUE estará para sempre na história de Itaúna, pois, uma das ruas da cidade leva o seu nome.

Sua esposa Eponina construiu a capela da Imaculada Conceição, justamente à Rua Péricles Gomide. Na ocasião o terreno onde está erguida a capela pertencia e foi doado por LIQUE. Hoje a capela está um pouco descaracterizada pois foi construída quase na sua frente à casa onde reside o pároco de Sant'Ana. Na época da construção, parte da família tentou em vão, impedir. Não conseguiu.

Esta é, resumidamente, a história do grande ator PÉRICLES GOMIDE, o "LIQUE".

Uma Nota: Prof. Vilmar Aparecido de Sousa, o PITUCA, diretor e produtor teatral, muito conhecido em Itaúna, declarou textualmente sobre o LIQUE: “FOI O MAIS NOTÁVEL E RESPEITADO ATOR QUE JÁ PISOU NOS PALCOS DE ITAÚNA”

Prof. Juarez Nogueira Franco (In Memoriam)


Diploma: Instituto de Medicina Electrica, Cirurgia Dentaria e Massagem

 
PÉRICLES GOMIDE, que aqui iniciou os seus trabalhos, tendo praticado inicialmente com o Sr. Antônio José dos Santos e Miguel Alves, em viagens que os mesmos realizavam com percursos grandes. Nestas viagens trabalhou durante nove meses em Araxá, quando regressou, em 1902 instalou definitivamente o seu gabinete dentário em Itaúna.

Desde este período até o ano de 1944, trabalhou praticando a clínica e prótese, atendendo sempre na atual residência à Rua Antônio de Matos. Foi ajudante de Promotor de Justiça do termo de Itaúna, até ser instalada a Comarca. Ingressou como agente do Correio no ano de 1910 permanecendo até 1946, quando foi aposentado.

Foi também diretor de diversas corporações musicais que existiram naquela época, professor de música, compositor, tendo sido presidente do “Teatro Mário Matos” quando foi levada a revista “A Cigarra do Sertão”. Durante muitos anos foi ensaiador de peças teatrais. Compôs os seguintes dobrados: Dengoso, Gafanhoto, Itaúna. E as seguintes valsas: Eponina, 23 de agosto, Sorriso, muito popular em Itaúna.

Casado com D. Eponina Nogueira Gomide, tendo os seguintes filhos: Orlando Gomide, Sinésio, Sebastião, Péricles, Elza, Maria do Carmo e José. 

Tem em sua casa um diploma da Universidade Escolar Internacional, concedendo o direito de trabalhar como dentista, datada no Rio de Janeiro em 1º de março de 1913. Posteriormente foi concedida uma licença pelo Departamento Estadual de Saúde como prático licenciado.

Prof. William Leão (In Memoriam)


REFERÊNCIAS:
Revista Acaiaca: História da Odontologia no município de Itaúna. p. 146,147,148,149. Ano: 1954, Org. Celso Brant, Belo Horizonte/MG.
Pesquisa e organização: Charles Aquino.
Acervo: Professor Marco Elísio.
Textos: Prof. Juarez Nogueira Franco, Prof. William Leão.

 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

OS NOSSOS PRETOS

 Professor Sérgio* 

Os portugueses nos legaram muita coisa boa, como o quindim e o amor à poesia, mas trouxeram pra cá alguns péssimos valores, como a violência contra populações frágeis, desumanizando-as. Fizeram isso com os negros e com os indígenas. Os nossos patrícios evoluíram, mas no Brasil continuamos a desrespeitar tanto os indígenas quanto os pretos.

Em Itaúna a memória indígena foi totalmente apagada e a africana, encontra-se em processo de dolorosa dilapidação: a importância da presença negra está sendo varrida da nossa história. Há alguns anos fui à cidade de Bomfim com o vereador Alexandre Campos, que estava procurando registros da migração dos negros pra cá. Chamados por suas habilidades na tecelagem, eles foram fundamentais para a viabilização dessa atividade essencial para a consolidação de Itaúna. São fatos que não podem ser esquecidos.

Com a sua história espalhada por aí, resta à comunidade negra itaunense, como grande símbolo da sua identidade, o Alto do Rosário. Entretanto, com a liberação da construção de edifícios altos, logo ali! a descaracterização daquele espaço é iminente. Se for perdido o domínio que se tem da paisagem, lembranças e vivencias importantes vão sumir. Parte desse prejuízo já aconteceu, quando foram doados terrenos em frente à caixa d’água, terrenos que permitiam visadas espetaculares do vale do Rio São João. Ainda dá tempo de impedir a continuidade da tragédia anunciada pelo Plano Diretor, entretanto, os vereadores são brancos e tradições alheias não interessam a eles.

Os pretos precisam construir lideranças de visão, comprometidas de fato com o coletivo, lideranças que trabalhem para fortalecer a autoestima dessa parcela da população e que compreendam a amplitude da sua história, das suas tradições, que percebam a importância da manifestação concreta dessa comunidade no espaço urbano itaunense.

Diante desta ameaça ao Morro do Rosário, o historiador Charles Aquino e eu começamos a levantar subsídios para impetrar uma ação pública contra o desvario. Mas o trabalho nos reservava uma grande surpresa. Num de seus mergulhos cuidadosos, Charles esbarrou em evidências de que existiu, junto à igreja do Rosário, um cemitério. Fotos antigas também apontavam nessa direção, mas, a consistência veio da existência de um registro nominal dos cidadãos enterrados, mais de duzentos, quase todos pretos. Como não há indícios da transferência dos corpos, supomos que eles ainda estejam lá. Debaixo do asfalto. A situação precisa ser investigada e foi o que solicitamos ao Ministério Público: a Prefeitura foi notificada e há um ano se mantém em silêncio. 

Remexo nesse baú desconfortável, para lembrar que as manifestações deploráveis de racismo não estão apenas lá longe, na Espanha e nem sempre são evidentes como pendurar um boneco num viaduto: estão bem aqui, debaixo dos nossos narizes, disfarçadas de normalidade. Poucos negros têm vez na administração do município. No governo atual, nenhum secretário, nenhum diretor de departamento. Eles não são chamados de macacos, mas são tratados como inferiores. Por serem tão pouco representados, um estrangeiro poderia concluir que os pretos são menos capacitados, menos educados, menos inteligentes, o que seria um absurdo! Mas é o que os números insinuam e é o que precisamos desmentir com veemência e ações concretas.

Sugiro, como gesto inaugural, a reurbanização do Rosário e a criação de um pequeno museu, um memorial, que contasse a história da comunidade desde que os negros se estabeleceram por aqui. Seria uma demonstração do nosso reconhecimento a esses bravos pioneiros. Os dois milhões do calçamento do Bonfim poderiam ser utilizados pra isso... nem precisaria de tanto! O memorial se constituiria num símbolo evidente do nosso compromisso em mudar a atual situação de esquecimento, podendo dar início a uma série de ações de longo prazo, visando integrar efetivamente os pretos, na sociedade itaunense.

Eu sempre me embaralho quando vou chamar os descendentes africanos de pretos ou de negros. Mas na verdade, isso é irrelevante: são pessoas comuns como quaisquer outras e ponto. É como devemos considerá-los: irmãos merecedores de toda a nossa estima e respeito.


Referências:

Texto: Professor Sérgio Márcio Machado* - Arquiteto, Urbanista, Professor M.Arts

Fonte digital: Redação do Jornal Folha do Povo Itaúna Disponível em: https://www.folhapovoitauna.com.br/os-nossos-pretos em 29 de maio 2023, Itaúna/MG

Acervo Ilustrativo: Alberto Henschel - Leibniz-Institut Für Länderkunde in ERMAKOFF, George. O negro na fotografia brasileira do Século XIX. Rio de Janeiro: George Ermakoff Casa Editorial, 2004. p. 182. ISBN 85-98815-01-2. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Afro-brasileiros#/media/Ficheiro:Alberto_Henschel_-_Pernambuco_4.jpg

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

QUILOMBO DA FAMÍLIA RODRIGUES

 Segundo o itaunense e genealogista Guaracy de Castro Nogueira, na margem esquerda do rio São João, adjacente à vila da Beira do Rio, no município de Itaúna/MG, estendia-se uma significativa extensão de terreno cultivado, delimitada por um “antigo muro de pedras”. Este local abrigou a família Rodrigues, remanescente de quilombo, constituída inteiramente por afrodescendentes. As visitas a este local revelaram algo verdadeiramente extraordinário para a nossa região em meados do século XX. Neste refúgio isolado residiam várias famílias, todas unidas pelo sangue partilhado e por vestígios tênues da sua herança africana. O mais velho deles era Belmiro, que ocupava o estimado cargo de patriarca, respeitado por todos. O genealogista ressalta que o patriarca revelou várias histórias de outros antepassados ​​da mesma linhagem que outrora habitaram esta mesma terra, embora as suas identidades permanecessem envoltas em mistério.

A própria terra ostentava solo fértil e água abundante, resultando em colheitas variadas. Sob a sábia liderança do velho Belmiro, as provisões eram distribuídas de acordo com as necessidades individuais de cada membro da comunidade, garantindo a sua sobrevivência coletiva. Os habitantes desta comunidade tinham interação mínima com a cidade; eles eram quase totalmente autossuficientes. Envolvidos em atividades como agricultura, colheita e tecelagem, não tinham interesse em documentos de propriedade ou dinheiro. Em vez disso, o seu desejo era encontrar uma nova terra onde pudessem manter o seu modo de vida atual.

Guaracy, em seu caráter informativo, revela que obteve com sucesso autorização de diversas empresas e procedeu à compra do restante da Fazenda do João Alves de Morais (vulgo João do Aarão). Neste terreno foram construídas seis casas, cada uma com sua área cercada e escritura oficial. Além disso, foi proporcionado a eles acesso à água, garantindo que tivessem tudo o que desejavam. Como gesto de compensação, cada casal também recebeu Cr$ 10.0000,00 (dez mil cruzeiros) em 26 de janeiro de 1956.

Em certas ocasiões, o historiador atravessava o lago de barco, acompanhado de alguns amigos, e comemorava com “foguetes, bebidas e biscoitos” junto com os quilombolas.  Estas confraternizações festivas prolongavam-se até altas horas da manhã, com danças animadas no terreiro ao ritmo da cabecinha de égua, acompanhadas pelos sons melodiosos dos oito contrabaixos de Vicente Ventura. Os indivíduos expressaram profunda gratidão, no entanto, constataram de que a terra em si não era tão fértil como esperavam. Consequentemente, tomaram a decisão de vender suas propriedades. Inicialmente, aqueles que procuravam um retiro à beira do lago eram os principais compradores. Infelizmente, a cidade não se mostrou benéfica para muitos deles e apenas alguns fizeram algum progresso significativo.

Às vezes, ainda segundo Guaracy, recebia mensagens solicitando transporte de barco para levar Belmiro ao hospital, pois foi um amigo fiel até sua morte. A companheira de Belmiro, Dona Conceição, também faleceu na cidade após viver uma vida marcante e longa ao lado do patriarca. O historiador ainda ressalta que as histórias de todos aqueles habitantes permaneceram intacta em suas memórias, incluindo Joaquim Rodrigues (viúvo), João Rodrigues casado com Mercês Maria Rodrigues; Marinho Rodrigues c/c Maria Severina de Jesus; Francisco Rodrigues c/c Vicentina Rodrigues de Paula; José Rodrigues c/c Maria Alves Rodrigues; Divino Rodrigues c/c Raimunda Vieira Rodrigues, bem como outros indivíduos ainda menores de idade. Destaca que se tratava de pessoas de bom caráter, honrados, humildes, indiferentes às agruras da vida, exemplificando a natureza pacífica e vida dinâmica daqueles verdadeiros quilombolas.

Hipótese

Após realizar uma breve investigação sobre o líder quilombola Belmiro, estou confiante de que as informações que encontrei estão alinhadas com as conclusões do pesquisador Guaracy. Para verificar ainda mais a veracidade, seria necessário o acesso às escrituras de terra daquela época. Com base nos documentos que examinei posso fornecer os seguintes dados: o nome completo do patriarca era Belmiro Severino Rodrigues, natural de Itaúna. Faleceu em 17 de abril de 1968, aos 78 anos, no dia seguinte foi sepultado no Cemitério Central do município de Itaúna. O registro de óbito o categoriza como filho de Carlota de tal, o que é bastante intrigante. Vale ressaltar que o nascimento de Belmiro ocorreu por volta de 1890, período pós-abolição. A partir disto, pode-se razoavelmente presumir que a sua mãe provavelmente tinha sido escravizada antes deste ato significativo de mobilização.

TABLOIDE DA FAMÍLIA RODRIGUES PARA BAIXAR


Referências:

Pesquisa e organização: Charles Aquino - Historiador Registro Profissional nº 343/MG

Fonte Impressa:  NOGUEIRA, Guaracy de Castro. In Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa: Itaúna em detalhes. Ed. Jornal Folha do Povo, 2003, fascículo 34.

Imagem Ilustrativa: Autor Johann Moritz Rugendas, Escravidão, Habitation de négres, 1827. Brasiliana Iconográfica, Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil. Coleção Brasiliana/Fundação Estudar. Doação da Fundação Estudar, 2007. Disponível em: https://www.brasilianaiconografica.art.br/obras/19497/habitation-de-negres

Cemitérios Municipais: Prefeitura Municipal de Itaúna. Registro de óbito. Disponível em: https://www.itauna.mg.gov.br/portal/cemiterios/7207/

Certidão de óbito MG Cidadão: Disponível em:  https://cidadao.mg.gov.br/#/login